marco ret. da web poema de augusto dos anjos no blog do amigo ivan kussler
amigo ivam evaldo kussler
O poema que Augusto dos Anjos
dedica ao seu pai falecido revela o seu sentimento de angústia diante da morte,
uma perspectiva sempre presente, desde que soube da doença que o acometia, a
tuberculose, e que, mais tarde, viria tirar-lhe a vida:
Pobre meu pai!
A Morte o olhar lhe vidra.
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Microorganismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.
Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!
Pobre meu pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobre a mesa de orgíacos festins!...
Amo meu pai na atômica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Microorganismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.
Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!
Pobre meu pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobre a mesa de orgíacos festins!...
Amo meu pai na atômica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos
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